Isabel Aires e José Cid Arquitectos

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O Projeto do Núcleo Museológico de Alverca surge na sequência do 1º lugar alcançado no concurso lançado para o efeito pelo Município de Vila Franca de Xira e, com o desenrolar das suas etapas posteriores, veio a revelar-se um dos mais interessantes e bem conduzidos processos de intervenção em edifícios existentes de valor patrimonial relevante em que já participámos, neste caso com a finalidade de aí reinstalar uma estrutura museológica.

Além da atempada realização de escavações arqueológicas, a coordenação de todo o processo pela Equipa do Museu Municipal de Vila Franca de Xira, que estabeleceu uma estreita colaboração com a Equipa de Projeto e a posterior adjudicação a esta última do Projeto de Museografia, permitiu um resultado final de grande unidade formal e muito eficaz no plano do discurso expositivo e museológico adotado, apesar do quadro de grande contenção orçamental que foi necessário respeitar.

O núcleo compreende a remodelação integral de um edifício do Sec XVIII, com dois pisos mas não muito grande, que já havia sido sede do antigo Município de Alverca (de que são testemunho o brasão da fachada e o pelourinho manuelino existente no largo fronteiro), chegando aos nossos dias adaptado já a Núcleo Museológico, ao qual se juntou, agora, um terreno adjacente onde se veio a construir um corpo de ampliação com três pisos.

Este corpo, além de permitir localizar aí os novos espaços de exposição, possibilita a criação de uma área de receção e a implantação de comunicações verticais (escada e elevador) de todo o conjunto, devidamente dimensionados para a cómoda circulação de grupos e deficientes motores. No último piso foi ainda possível prever uma sala polivalente para a realização de conferências ou de outros eventos. O antigo edifício fica ocupado pelos Serviços Educativos e por uma pequena biblioteca no R/C; por uma Sala de Exposições Temporárias e pelos Serviços Administrativos no 1º piso; e por um espaço de Reservas no sótão.

O novo volume utiliza uma linguagem abstrata, com grandes paredes forradas a azulejo de cor verde água, onde se abrem alguns vãos, que acentuam o seu caracter de volume de transição entre várias épocas, aqui representadas pela antiga casa setecentista e pelos prédios adjacentes dos anos 60/70 do Sec. XX, com os quais se relaciona volumetricamente, de alguma forma tentando cerzir este troço de desordenado tecido urbano.

Para tal, muito contribuiu também o arranjo dos espaços exteriores envolventes levada a cabo no âmbito deste projeto, que incluiu a pedonalização e repavimentação da rua e praça adjacentes, a valorização do pelourinho e das árvores centenárias vizinhas, rematando-se assim o processo de reabilitação urbana iniciada com a reconstrução do Núcleo Museológico.